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terça-feira, 16 de março de 2010

CONHECEMOS O SILÊNCIO

Nós os índios, conhecemos o silêncio, não temos medo dele. Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras. Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.


“Observa, escuta, e logo atuem”, nos diziam. Esta é a maneira correta de viver.


Observe os animais para ver como cuidam de seus filhotes; Observe os anciões para ver como se comportam; Observe o homem branco para ver o que querem.


Sempre observe primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.


Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando. Dão prêmios às crianças que falam mais na escola, em suas festas, todos tratam de falar.


No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes e chamam isso de “resolver um problema”.


Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.


Vocês gostam de discutir, e nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido. Se começas a falar, eu não vou te interromper.


Te escutarei, mas talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo, mas não vou interromper-te.


Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei. Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer.


Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. Deveriam pensar nas suas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.


Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la. Existem muitas vozes além das nossas, muitas vozes.


Só vamos escutá-las em silêncio.


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Texto traduzido por Leela, Porto Alegre:
“Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder” – Kent Nerburn




retirado do blog:
http://www.ecolmeia.org.br/blog/indios-nao-tem-medo-do-silencio/

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